A Vida Independente

A Vida Independente é uma filosofia de vida aplicada às pessoas com deficiência (pessoas com diversidade funcional), que abrange todas as vertentes da vida de uma pessoa. Esta filosofia não se esgota na Assistência Pessoal, também se aplica ao acesso a bens e serviços, ou à constituição de família, ou às acessibilidades e à mobilidade geográfica. O pressuposto base é que as pessoas com diversidade funcional têm capacidade, e sobretudo direito, à sua autodeterminação e podem decidir sobre as suas próprias vidas.

O primeiro Centro para Vida Independente foi criado em Berkeley, Califórnia, em 1972, por um grupo de estudantes universitários com deficiência que quiseram ter o controlo das suas vidas, recusando a institucionalização e que ditassem o que deviam fazer no seu dia-a-dia.

Foi a partir desta experiência que se consolidou o conceito de Vida Independente, que de acordo com a European Network on Independent Living (ENIL), é muito anterior à Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência e teve um papel importante na sua adopção, “pois nenhum dos seus artigos pode ser realizado sem que exista Vida Independente”.

Como explica a ENIL:

«O Artigo 19 estabelece o direito de escolha de onde, com quem e como viver a sua própria vida. Isto permite a autodeterminação sobre a qual se baseia a Vida Independente.

Há um debate contínuo sobre a independência versus interdependência. A ENIL considera que todos os seres humanos são interdependentes e que o conceito de Vida Independente não contraria isso.

A Vida Independente não significa ser independente de outras pessoas, mas ter a liberdade de escolha e controlo sobre a própria vida e estilo de vida.»

Ainda de acordo com a ENIL:

«A Vida Independente é a aplicação no quotidiano de uma política para as pessoas com deficiência baseada nos direitos humanos.

A Vida Independente é possível através da combinação de diversos factores ambientais e individuais que permitem que as pessoas com deficiência passem a ter controlo sobre as suas próprias vidas. Isto inclui a oportunidade de fazer escolhas e tomar decisões sobre onde morar, com quem viver e como viver.

Os serviços devem ser acessíveis a todos e, na base da igualdade de oportunidades, permitindo assim às pessoas com deficiência flexibilidade na sua vida diária.

A Vida Independente requer que o ambiente construído e os transportes sejam acessíveis, que haja disponibilidade de ajudas técnicas, acesso à assistência pessoal e/ou serviços de base comunitária.

É necessário salientar que a Vida Independente é para todas as pessoas com deficiência, independentemente do nível das suas necessidades de apoio.»

Esta mudança implicará também uma mudança de atitude da parte das pessoas com deficiência. Não é fácil ser intérprete desta mudança de paradigma. Há que quebrar hábitos de dependência, fomentar a autodeterminação.